Liderança feminina e sucesso profissional
A gerente executiva de Controladoria da thyssenkrupp Metalúrgica Campo Limpo, Andreia Versoni, falou sobre sua trajetória profissional e os desafios presentes na conciliação entre trabalho e maternidade, além da inclusão de mais mulheres no mercado de trabalho
Conte um pouco mais sobre seu processo de chegada à thyssenkrupp e o que te motivou a aceitar novos desafios na empresa:
Antes da minha entrada na thyssenkrupp, atuei na área de Controladoria de Negócios de outra grande empresa alemã por quase 14 anos, em um setor completamente distinto daqueles associados à área automotiva. Em um determinado momento dessa trajetória, em meados de 2013, fui convidada para visitar a planta de Campo Limpo Paulista (SP) e conversar com um dos executivos que estavam à frente da unidade na época.
Até então, encarava esse convite apenas como uma oportunidade de conhecer diferentes profissionais de outros setores da indústria, uma vez que não tinha a intenção de mudar de empresa e considerava a construção de meu networking algo importante e natural no mercado de trabalho. Contudo, logo que entrei na fábrica, senti imediatamente algo diferente: uma impressão bastante positiva sobre a estrutura, a organização e o cuidado com a segurança dos colaboradores - pontos que realmente distinguiam a thyssenkrupp de outras empresas.
Diante dessa sensação pessoal e da noção de que o grupo estava presente no mercado em escala global, aquela conversa inicial ganhou um novo significado. Em pouco tempo de reunião, me senti cativada e motivada a encarar novos desafios dentro de uma nova empresa, em um novo ramo e em uma nova dimensão corporativa. Foi assim que comecei minha jornada na área de controladoria da thyssenkrupp.
Além da mudança de setor, quais foram os seus maiores desafios ao longo dessa trajetória?
Um dos aspectos mais impactantes (e igualmente estimulantes) nessa transição de carreira foi a percepção de que eu passaria a atuar não apenas de forma direta no negócio, mas também em um contexto corporativo mais amplo, com uma nova equipe e novas estratégias de gerenciamento. Logo de início, isso me permitiu ter um olhar mais amplo e contextualizado sobre os processos de controladoria da empresa.
Além disso, tive a oportunidade de migrar para outras áreas no grupo, com a responsabilidade de contribuir com projetos de transformação na gestão fiscal e no plano de fusão que resultou na consolidação da unidade de negócios Forged Technologies da thyssenkrupp.
Com base na minha participação em todos esses trabalhos desenvolvidos ao longo dos anos, no fim de 2016 fui convidada a assumir um novo desafio na nossa divisão Berco, nos Estados Unidos. A saída do Brasil teve um impacto significativo não apenas na minha carreira, como também na minha vida pessoal, uma vez que a mudança de país foi feita junto com meu marido e meus dois filhos.
Como você avalia sua trajetória na thyssenkrupp de lá para cá? Houve algum marco ou episódio marcante ao longo de todos estes anos de empresa?
Sinto que tive uma oportunidade única de adquirir uma vasta e rica experiência na thyssenkrupp, atuando em áreas distintas e participando de processos cruciais para o negócio automotivo da empresa, o que me fez chegar ao cargo que ocupo hoje em Campo Limpo Paulista. Porém, um marco nessa trajetória é o fato de eu ter me tornado uma das primeiras mulheres a assumir um cargo de alta gerência na companhia no Brasil. Esse movimento simboliza uma oportunidade de mostrar a competência feminina em um ambiente corporativo que tradicionalmente é ocupado por homens em todo o mundo.
Acredito que o meu caminho na thyssenkrupp pode servir de inspiração para outras mulheres que, felizmente, estão cada vez mais presentes em atividades ligadas à indústria e podem vislumbrar, planejar e construir suas carreiras em cargos gerenciais e executivos. Hoje, quando ando pela fábrica e converso com nossos colaboradores, encontro com diversas mulheres que enxergam na minha atuação um exemplo e, ao mesmo tempo, um estímulo para que possam correr atrás de seus objetivos.
Em linha com essa declaração, como você avalia as oportunidades oferecidas às mulheres no mercado de trabalho atualmente? De que forma essa questão é refletida na sua carreira e na organização de sua equipe?
De forma geral, eu acredito que estamos em um processo importante de evolução na criação e implementação de iniciativas que coloquem mais mulheres no mercado de trabalho, e entendo também que ainda estamos distantes do que seria o ideal. Como sociedade, ainda precisamos superar algumas barreiras no diálogo e na compreensão de que não há diferença em termos de potencial nem capacidade profissional entre homens e mulheres.
Na minha equipe atual, temos praticamente o mesmo número de homens e mulheres trabalhando. Sempre priorizei o perfil de trabalho em equipe e acredito que a criação de times diversos, com conhecimentos e bagagens distintas, é fundamental para qualificar e maximizar os resultados operacionais.
Com relação à minha experiência, posso dizer que me sinto privilegiada, especialmente pela forma como fui criada pela minha família. Meu pai foi um técnico de eletrônica e comerciante que me levava desde pequena a seus expedientes - época em que comecei a ajudá-lo em algumas tarefas. Ao longo desse período, ele nunca me tratou com diferença ou inferioridade pelo fato de eu ser mulher e, inclusive, me transformou em seu braço direito, o que me muniu de autoconfiança e segurança para seguir aprendendo.
Esta ausência de distinção entre homens e mulheres também foi replicada dentro de casa: não existia uma divisão entre tarefas domésticas femininas e masculinas entre nós. Eu acredito que esse tipo de visão de mundo e tomadas de iniciativa, levando em consideração as particularidades de cada família, deve ser estimulado não apenas na criação doméstica, mas na educação básica e profissional desde a infância, de forma a acelerar os processos de transformação e inclusão no mercado de trabalho.
Como você concilia a maternidade com sua carreira? Qual é o papel de respaldo que a thyssenkrupp oferece neste processo?
Quando eu entrei na empresa, já era mãe de duas crianças bem pequenas: uma menina de dois anos e um menino de quase cinco anos. Ao longo de todo esse período, nunca me deparei com nenhuma barreira ou comportamento impeditivo pelo fato de ser mulher e mãe. A possibilidade de abrir e manter um diálogo franco e transparente com as equipes com as quais trabalhei me deu a oportunidade de criar meus filhos e investir no crescimento de minha carreira da melhor forma possível.
Um dos aspectos mais valiosos do trabalho que desenvolvo dentro da thyssenkrupp está no fato de que aqui posso ser eu mesma. Eu me sinto confortável para falar o que penso, opinar sobre quaisquer assuntos e discordar daquilo que julgo necessário ou pertinente - aspectos que são cruciais para ser feliz no ambiente de trabalho.
Para finalizar nossa conversa: o que você mais gosta dentro de seu ambiente profissional na thyssenkrupp?
Aqui, eu aprendi e sigo aprendendo cada vez mais, sobretudo com o meu time. A equipe que está sob a minha gestão é realmente fantástica em todos os aspectos, além de ser responsável por um trabalho coletivo eficiente que, mesmo em momentos de mais desafio e atenção, é conduzido com um clima leve e harmonioso no dia a dia.
Esse processo, que pode ser percebido em outras áreas da empresa, é parte importante para outro aspecto do qual me orgulho: a qualidade dos nossos produtos. É gratificante observar o reconhecimento da thyssenkrupp no mercado e compreender as razões que nos levam a alcançar essa excelência operacional. A empresa é líder global no que faz e cada uma das etapas por que passei ao longo dessa jornada são motivo de grande orgulho na minha história profissional.