Press Release
Corporativo Jun 4, 2019 2:00 PM
Como o veganismo pode contribuir para a preservação do meio ambiente
A água é um bem valioso e diversos países sempre enfrentaram a escassez deste recurso natural que, em tese, sempre existiu em abundância no Brasil. Mas, em 2014, o estado de São Paulo, o mais populoso do País, teve o prenúncio do que seria uma das piores crises hídricas de sua história. A redução drástica no volume de chuvas e problemas constantes na gestão do recurso fizeram com que uma população de 44 milhões de habitantes enfrentasse racionamentos de água diariamente. Após obras emergenciais e a ajuda “dos céus” com volumes pluviométricos que puderam encher represas, a crise arrefeceu em 2016, mas deixou marcas na memória dos brasileiros, em especial, dos paulistas.
Muitas pessoas passaram a se preocupar mais com seu consumo de água e a usá-la mais racionalmente, outras adotaram um novo estilo de vida. É o que aconteceu com Rafael Perrotta, 41 anos, 20 deles trabalhando na área fiscal da thyssenkrupp Industrial Solutions em São Paulo. Ele se tornou vegetariano em 2014 e vegano, em 2015, influenciado pelo impacto da crise de água e inspirado por dois documentários aos quais assistiu na época – “Uma verdade Inconveniente” e “Cowspiracy: o segredo da sustentabilidade”. O primeiro deles aborda a influência do comportamento do ser humano e a emissão de gases de efeito estufa que causam o aquecimento global e prejuízos ao meio ambiente; e o segundo, analisa como a criação animal contribui para a destruição ambiental.
De acordo com a FAO (órgão das Nações Unidas para alimentação e agricultura), a demanda global por produtos de origem animal aumentará em 70% até 2050 e o setor pecuário contribui com 14,5% dos gases de efeito estufa emitidos pela humanidade, além de ser um grande consumidor de recursos naturais.
Após um ano sendo vegetariano (sem consumir carne de qualquer tipo na dieta), Rafael decidiu deixar de consumir produtos de origem animal e se tornou vegano. “Inicialmente, o que me motivou foi a questão da água, mas o meio ambiente sempre foi importante para mim, gosto de natureza, faço meditação e recebo ensinamentos da filosofia budista sobre o sofrimento animal atrelado à produção de carnes e outros produtos derivados”, comenta.
Adaptações ao cotidiano
Além de fazer a sua parte para contribuir para a preservação dos recursos naturais, Rafael disse que passou a gastar menos para se alimentar no dia a dia. “Trago bastante comida de casa, passei a comprar menos alimentos industrializados e a cozinhar mais. Meus custos com alimentação diminuíram”. Na saúde, ele conta que também sentiu benefícios: “nunca foi a razão para me tornar vegano, mas, além de só me locomover de bicicleta, a melhora na minha saúde foi uma consequência”, destaca.
O veganismo pressupõe mudanças não só na dieta, mas no consumo como um todo. Perrotta conta que se informa muito sobre marcas de produtos diversos, como de limpeza e cosméticos. “Não compro se levam na composição ingredientes de origem animal ou se fazem testes em animais. Há várias plataformas e aplicativos que fornecem essas informações e facilitam. Por exemplo, eu chego ao supermercado e vou comprar um detergente, daí consulto se aquela empresa faz testes em animais, quais são as composições. Estou sempre procurando estar a par e quando acho uma marca em que confio, costumo ficar fiel a ela. Com vestuário é a mesma coisa”.
Novas atitudes
Rafael se considera um ativista pelo meio ambiente. Ele diz que não julga quem come carne e sempre adota uma postura de influenciar pelo exemplo. “Alguns amigos eu tento influenciar a fazer, ao menos, a segunda-feira sem carne, para reduzir o impacto ambiental”.
Na thyssenkrupp, ele conta que sempre tenta conscientizar pela redução no consumo dos copinhos plásticos, por exemplo. “A gente fez o amigo secreto de squeeze, para beber água, e para o café eu sempre uso a mesma caneca”. Aliás, a produção de lixo e o descarte, principalmente, de plástico são grandes problemas globais. Rafael dá a dica: “O ideal é não consumir tanta coisa industrializada, pois tudo vem embalado, gerando lixo. Todos precisamos observar mais o nosso consumo e nossa forma de pensar. A tecnologia avança e acabamos nos acostumando mal: o café antes se coava no coador de pano, hoje, com as cápsulas de café geramos muito lixo”.
Vegetarianismo e veganismo no Brasil
No Brasil, de acordo com uma pesquisa do IBOPE Inteligência de 2018, 14% das pessoas se declaram vegetarianas e, nas regiões metropolitanas de São Paulo, Curitiba, Recife e Rio de Janeiro o número sobre para 16%. Não há pesquisa que mostre o número de veganos no País, mas a Sociedade Vegetariana Brasileira estima que haja cerca de 7 milhões de adeptos do veganismo.
Carne vegana?
O mercado vegetariano cresce a passos largos no Brasil. Segundo o levantamento feito pelo IBOPE Inteligência, 55% dos brasileiros consumiriam mais produtos veganos se estivessem indicados na embalagem.
Esta tendência tem atraído iniciativas de companhias e startups. Um exemplo é a autointitulada foodtech Fazenda Futuro, que anunciou recentemente no Brasil um hambúrguer, o Futuro Burguer, “revolucionário hambúrguer de plantas com textura e gosto de carne” à base de proteína vegetal.
Outras marcas, como a Beyond Meat (EUA), que já abriu até capital na bolsa de valores americana, e a Superbom apresentaram seus burguers sem carne em uma das principais feiras do setor supermercadista do Brasil neste ano.
